sexta-feira, 8 de junho de 2012

Rotina

Acordei.
E quando acordei já tinham se passado muitos dias.
Ao me levantar da cama, outros novos dias.
A cada passo, novos dias.
Sem qualquer lentidão, novos dias.
Com as maiores velocidades, novos dias.

Muitos dias já se passaram.
Enquanto eu pensava, outros novos dias.
A cada minuto, novos dias.
Qualquer palavra, novos dias.
Todo passo, novos dias.
Sem qualquer pergunta, novos dias.

Os dias acabaram, sem qualquer dia.
Sem novos dias, estão os dias.
Sem diversão, novos dias.
No shopping, três mil dias.
Aos amigos, nenhum dia.
Sem sonhos de novos dias.

As vidas acabaram sem novos dias.
Fui dormir sem novos dias.
Acordei, sem novos dias.
Me levantei em qualquer dia.
Dormi...
E quando acordei, não tinha outro dia.

Bianca Garcia

3 comentários:

  1. Pô, Bianca, que baixo astral, hein?
    Ora, por que a monotonia e o tédio haveria de nos atormentar se ao nosso redor o mundo explode em diversidade???
    Aí vai um pouco mais de poesia para ti:

    "O meu olhar é nítido como um girassol.
    Tenho o costume de andar pelas estradas
    Olhando para a direita e para a esquerda,
    E de vez em quando olhando para trás...
    E o que vejo a cada momento
    É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
    E eu sei dar por isso muito bem...
    Sei ter o pasmo essencial
    Que tem uma criança se, ao nascer,
    Reparasse que nascera deveras...
    Sinto-me nascido a cada momento
    Para a eterna novidade do Mundo..."
    Alberto Caeiro

    Boas melhoras!
    Antonio

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  2. Ora, Antonio, conheces outra realidade vivida na cidade? Ao meu redor, neste instante, enxergo isto: a vida sendo atropelada pela rotina.

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  3. Campo, cidade, a vida pode ser enfadonha em qualquer lugar... depende das lentes que usamos para enxergar o mundo e a nós mesmos...

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