segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

De um lado, a inconstitucionalidade da greve, de outro, a do governo

Suspensão das atividades de policiais e bombeiros no Rio de Janeiro levanta polêmicas pelas ruas da cidade 


Há exatamente uma semana para o carnaval carioca, foi declarada uma grande greve na cidade do Rio de Janeiro. Na noite de quinta-feira (9), policiais civis e militares, além dos bombeiros, se reuniram em frente à Câmara Municipal do Rio de Janeiro para decidir sobre a iminente paralisação das atividades da polícia e dos bombeiros nas ruas da Cidade Maravilhosa. A praça Floriano Peixoto, mais conhecida como Cinelândia, estava encoberta pelo coro do Hino Nacional, cantado pelos manisfestantes.

Na manhã do mesmo dia, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou o projeto de lei que antecipa o reajuste salarial de policiais civis e militares, bombeiros e agentes penitenciários do estado. Contudo, mais uma vez os militares não aceitaram, e a decisão de greve foi tomada à noite, em praça pública. Ao se reunirem, levantaram a questão da soltura do cabo Benevenuto Daciolo e, ainda, da insatisfação com o reajuste. Declararam a greve, portanto, no últimos minutos da quinta-feira.

Segundo o cabo Gurgel, da PMERJ, a prisão do cabo Benevenuto Daciolo foi arbitrária. “Foi uma prisão arbitrária, com objetivo de esvaziar o movimento. Mas o governador Sérgio Cabral se esquece que estamos no Rio de Janeiro, às vésperas do carnaval. Uma atitude como esta, de prender um dos líderes de um movimento pacífico, que tem o único objetivo de reivindicar melhorias salariais e condições de trabalho mais dignas, tende a provocar uma reação contrária, na mesma intensidade”, afirma o cabo.

“Bandido é o que se amedronta com a demonstração de força da polícia. Cidadão de bem, trabalhador, diante de uma injustiça, tende a se revoltar e isso pode conduzir a uma revolta sem precedentes. Na Bahia apenas os policiais militares pararam. Aqui no Rio, a PM, a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros estão unidos. É preciso lembrar esse detalhe”, conclui.

De acordo com o art. 142 da Constituição Federal brasileira, os militares, membros de uma força armada, juntamente com outros servidores públicos não têm direito a greve. “Os servidores públicos são, seguramente, titulares do direito de greve. Essa é a regra. Ocorre, contudo, que entre os serviços públicos há alguns que a coesão social impõe serem prestados plenamente, em sua totalidade.


Atividades das quais dependam a manutenção da ordem pública e a segurança pública, a administração da Justiça – onde as carreiras de Estado, cujos membros exercem atividades indelegáveis, inclusive as de exação tributária – e a saúde pública não estão inseridos no elenco dos servidores alcançados por esse direito. Serviços públicos desenvolvidos por grupos armados: as atividades desenvolvidas pela polícia civil são análogas, para esse efeito, às dos militares, em relação aos quais a Constituição expressamente proíbe a greve”, Constituição Federal, art. 142, § 3º, IV.

Indignado, o carioca Fernando Savi diz apoiar as reivindicações, mas nunca a greve. “A única coisa que não pode em hipótese alguma é uma greve sujeitando à população a arcar com as consequências de uma atitude incabível e ilegal. Tirando isso, as reivindicações por melhores salários e condições têm todo o meu apoio”, afirma. “Será que se o concurso fosse para ganhar "5x" os candidatos não seriam melhores e muitos dos que fazem parte das corporações não entrariam nela? Será que teria tanta corrupção?”, questiona Fernando.


“Eles não podem fazer greve e o governador não está disposto a chegar em algum acordo, cria-se um impasse. Impasse esse cuja solução não pode recair sobre a população. Qual é a solução, então? Se ceder também não é justo, o que se pode fazer é mudar o representante do povo para que o novo atenda à essas exigências”, completa.

Em contrapartida, a estudante Thamara Laila se pergunta por onde anda a consciência social neste caso. "É um absurdo a prisão de mais de 150 policiais militares e bombeiros. Eles estão lutando por um salário digno, são eles que salvam vidas, são eles que ficam durantes dias tentando achar alguma esperança nos escombros. O que está acontecendo com a sociedade brasileira? Que democracia é essa onde os cidadãos não podem falar? Por que os mandados de prisão não param de ser emitidos? Mas a sociedade está mesmo preocupada com sua segurança no carnaval e nos blocos. Falta consciência. Afinal, quais escolas de samba e blocos vão passar seus dias lutando, em dias de chuva e de muito sol, para salvar vidas?", indaga a carioca de 20 anos.

Entenda as manifestações recorrentes  

Ano passado, policiais e bombeiros militares questionaram a votação da PEC 300 - ementa constitucional que prevê o piso salarial unificado para a classe dos militares. Não somente quanto aos aumentos salariais, bombeiros reivindicavam também por melhores condições de trabalho, como o protetor solar, por exemplo. Além disso, ambas as categorias lutam pelos benefícios de vale-transporte e vale-refeição a R$ 350 cada. As manifestações pelo estado carioca se prolongou por meses e foi desaparecendo com as sucessivas promessas do governador Sérgio Cabral. Após se arrepender de chamá-los de vândalos e irresponsáveis, o governador seguiu com acordos, que não calam os militares.

A realidade é que os militares cariocas, bem como de alguns outros estados brasileiros, recebem um salário muito menor que os profissionais do Distrito Federal, por exemplo. Enquanto um militar carioca recebe cerca de R$ 1.200, o militar do capital brasileira recebe cerca de R$ 4.300. A partir dessa diferença, os militares questionam o governo do Estado e falam sobre a PEC 300. A ementa estabelece que a remuneração dos Policiais Militares dos estados não poderá ser inferior à da Polícia Militar do Distrito Federal, aplicando-se também aos integrantes do Corpo de Bombeiros Militar e aos inativos.

                                                                                                        Por Bianca Garcia em OEstadoRJ

Observação:
 
Esta matéria foi publicada no dia 11 de fevereiro na Editoria Estado.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Tarsila do Amaral no CCBB


        Enquanto foliões cariocas aguardam pelos blocos carnavalescos, o Centro Cultural Banco do Brasil inicia uma exposição individual da pintora brasileira Tarsila do Amaral. Localizado no centro da cidade, o CCBB, inaugurou ontem "Tarsila do Amaral — Percurso Afetivo", apenas para convidados. Hoje, a exposição estará aberta ao público e permanecerá até 29 de abril.




         Singelamente, a exposição da Tarsila do Amaral remete aos 90 anos do modernismo brasileiro - em fevereiro de 1922 começava a Semana de Arte Moderna. 


O Sapo (1928)

Crianças (Orfanato)- 1935/1949

          A exposição conta com cerca de 85 obras. Aos cariocas, sem uma mostra individual da artista há 43 anos, não percam!
Bianca Garcia

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Dois gringos pelos contornos do Rio de Janeiro

Cá estava eu em um desses ônibus com destino à zona sul da cidade. Esses que vez ou outra tem uns gringos, ou transitando de um lado para outro ou chegando com suas mochilas. Dessa vez eram dois. Dois meninos, mais precisamente.

O trajeto era Rodoviária – Leblon. Ao entrar no ônibus, logo os percebi. Os mochilões e as bochechas rosadas entregavam logo que estavam a passeio. Estavam quietos, observando. Os olhares atentos a tudo me intrigaram. Primeiro, poucos visitantes do Rio de Janeiro conhecem suas mazelas. Percebi que ambos os meninos repararam, ao longo do percurso, na diferença do ambiente. Quando os encontrei no ônibus, estávamos na Gamboa e, com toda a chuva que há pouco caira, o ônibus enfrentou um cruzamento onde a água passava dos pneus. Com cheiro de esgoto, crianças mergulhavam na piscina, formada na rua, de água suja. Essa parte os meninos não viram. O ônibus seguiu, sentido ínicio da Rio Branco. Ao avistar a Avenida Presidente Vargas, murmurinhos começaram. Era um bloco famoso da cidade. Aqui no Rio, o carnaval dura por mais alguns dias, ou melhor, começa antes da data marcada. E lá estava o bloco, a uma semana do carnaval. Os meninos se entreolharam e sorriram. Um sorriso de ‘olha o que poderemos aproveitar outro dia’. Mudando sua trajetória, o ônibus pegou o aterro. Suas testas franzidas me deixaram entender seus pensamentos: era a parte linda do Rio prestes a vir. E eles já tinham percebido a diferença entre a Gamboa e a Rio Branco.

Os maravilhosos minutos pelo aterro, com àquele vento no rosto, os estrangeiros também puderam sentir. Os cariocas privilegiados, o têm todos os dias, e eles certamente pensaram nisso. Mas pensaram amplamente, como se todos os cariocas tivessem o privilégio. Bem, não é bem assim. Enfim, neste percurso agradável a qualquer hora do dia, estávamos nós. Agora, uns 10 passageiros. Como a chuva caira há pouco tempo, o vento tinha àquele cheirinho de mato molhado. O céu, cinza azulado com algumas linhas avermelhadas. Lindo, particularmente. Ao avistar o Pão de Açúcar, não tiravam os olhos. Os meninos tinham olhar de quem gosta muito do que está vendo. Olhar de que é real àquela cena. Acompanharam, pelo início do aterro, as curvas pequenas. Ao chegar a Botafogo, àquela cena tão próxima, como se desse para esticar o braço e tocar em um bondinho. As linhas vermelhas estavam próximas ao Cristo Redentor. Um dos meninos percebeu. Eles não se falaram mais. Cada um ficou pro seu lado percebendo a beleza que chegava a seus olhos. O que avistara o Corcovado voltou a olhar, confuso, para o Pão de Açúcar, como em uma indecisão de qual monumento olhar mais um pouco.

Ignorei as greves, os problemas políticos – que dois senhores, inclusive, discutiam no caminho. Um deles dizendo que nunca viu um governo tão ruim quanto o que está no comando do Rio de Janeiro há oito anos. Complementou que foi o mais sem vergonha - penso eu, dos seus 68 anos vividos. Apesar de ser uma conversa do meu interesse, os senhores estavam distantes, e pouco dava pra ouvir, além da invasão cujo estava fazendo. O jornalista é por si só um curioso, mas, neste caso, ultrapassaria a curiosidade. Enfim, tentei esquecer os problemas pelos quais a “cidade maravilhosa” passa, e deixei fixar-me nos olhares estrangeiros sobre o Rio de Janeiro. 

Bianca Garcia

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Centro de Diagnóstico por Imagem chega ao centro do Rio

CDI oferece procedimentos sofisticados e gratuitos

Há cerca de um mês, o Rio de Janeiro ganhou um Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) e este é o primeiro serviço deste tipo a ser disponibilizado no Estado. A unidade do Rio Imagem, localizada na Avenida Presidente Vargas, no centro da cidade, contou com um investimento de mais de R$ 30 milhões.

O Centro de Diagnóstico por Imagem do Estado do Rio de Janeiro tem capacidade para realizar 800 exames por dia e mais de 22 mil por mês. A unidade é uma das maiores da rede pública na América Latina e conta com equipamentos de última geração. O secretário de Saúde, Sérgio Côrtes, afirmou não conhecer, no Brasil, um local que realize tantos exames como os que serão feitos pelo novo centro de diagnósticos. Segundo o secretário, “alguns exames que serão feitos pelo Rio Imagem ainda não chegaram à rede pública, como é o caso da tomografia computadorizada para artérias, só disponível em dois hospitais particulares e, mesmo assim, sem a cobertura de planos de saúde”.

Além da tomografia computadorizada das artérias coronárias, que diagnostica a obstrução de artérias, o Centro de Diagnóstico por Imagem conta com a ressonância de mama, indicada para detectar tumores em pacientes jovens, submetidas à radioterapia ou com prótese de silicone, e, também, radiografias e biópsias. Estes últimos exames fazem parte de uma ala inédita na rede estadual voltada para a saúde da mulher.

A unidade, com 10 mil metros quadrados construídos, está em um dos lugares mais movimentados do centro da cidade, em frente à Central do Brasil. E, segundo a coordenadora do Programa Rio Imagem, a médica radiologista Ana Lúcia das Neves, “o Centro foi criado exatamente para atender a todos, inclusive os trabalhadores, e está localizado numa região privilegiada. Se pode chegar a pé, de ônibus, metrô ou trem”.

Apesar da inciativa do Estado, a população vê o projeto com desconfiança

Segundo uma carioca, que preferiu não se identificar, “o atendimento é em menor proporção que a capacidade da clínica, já que faltam profissionais especializados e que saibam utilizar os vários equipamentos. As filas são bem grandes e há prioridade para os casos mais graves. Mas, como tudo que acontece no Rio de Janeiro, a triagem também é suspeita. Depois do carnaval eles dão um jeito de colocar pra funcionar. Este é um ano de eleição”.

O estudante de Design, Carlos Brandão afirma: “ao passar pelo Centro de Diagnóstico por Imagem todos os dias, a impressão que tenho é de um esforço das autoridades em melhorar e modernizar seus serviços, mas digo isso pelo investimento na construção – já que por se tratar de um serviço público não espero excelência em sua prestação. São muitos os recorrentes problemas encontrados na rede pública de saúde”.

Niterói também pode ganhar um Centro de Diagnóstico por Imagem

Niterói, nossa cidade vizinha, também poderá ganhar uma central semelhante. O antigo Hospital Santa Mônica, situado na Avenida Marquês de Paraná, no centro de Niterói, estava previsto para ser uma Central de Transplantes. Mas, teve o projeto modificado e, agora, o Estado pretende transformar o prédio no “Rio-Imagem 2”. Já o Hospital de Transplantes será instalado no antigo Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio.


Por Bianca Garcia em OEstadoRJ

Observação:
Esta matéria foi publicada no dia 19 de janeiro na Editoria Estado.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Selo Liebster



Recebi este selo dos blogueiros Fernando e Michelle do blog  Sobre o Insólito. O selo é um significativo símbolo para os iniciantes, já que a tradução de liebster nos leva ao carinho e ao reconhecimento.

"O Liebster Bog é um prêmio dado a blogueiros iniciantes, de blogs que tenham menos de 200 seguidores. A palavra 'Liebster' em alemão significa favorito, querido, amado. Desta forma receber este selo significa que o seu blog é muito querido pelo blogueiro que lhe presenteou."

Obrigada pela indicação... pelas leituras e pelas presenças aqui no blog. 

Regras:

1 - Link de volta o blogueiro que lhe deu o selo;
2 - Cole o prêmio no seu blog;
3 - Escolha cinco blogs para receber (com menos de 200 seguidores);
4 - Deixe um comentário nos respectivos blogs, avisando sobre o selo.


Agora, recomendo cinco pessoas que acompanham meu blog, e que trazem pensamentos construtivos:


Bianca Garcia