quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O cinza que enevoa o centro do Rio


As máquinas são sinal de muito trabalho. Os tratores, que geralmente carregam areias e pedras, agora, carregam entulhos, entulhos que preenchem caçambas. São muitos caminhões estacionados pelas quadras mais próximas e as faixas amarelas delimitam seu espaço, um espaço entre os curiosos e o trabalho.

Os três prédios que desabaram nesta rua comercial e bastante movimentada no centro da cidade, agora, são apenas cinzas lembranças e mais alguns números. Que ponha fim na contagem e fim a esta cor, que ao meu ver nunca traz coisa boa.

Eram tijolos, concretos, tintas e objetos. Mas, agora são apenas pedaços. Não dá pra saber o que era do escritório, do banco, da gente ou da banca.  E a fumaça, que paira sobre os ares, deixa a região mórbida, e triste para qualquer carioca que passa. A noite da última quarta-feira deu aos seguintes dias uma soturna sensação.

Bianca Garcia

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Rio de Janeiro

Que cidade maravilhosa, com paisagens lindas, gente dourada, calor... Mas te contaram dos assaltos? Te contaram das invasões em ônibus? E aí, contaram dos pivetes na rua? Contaram dos pontos de ônibus como abrigo de muita gente? Não contaram? É, aqui o Estado não dá conta das suas muitas obrigações. Mas, com esse jeitinho conhecido como brasileiro, eles vão tentando apaziguar tudo. O resultado? Ah, coisa simples, remendos nas estradas, placas de obras, alterações no trânsito e nos números dos ônibus, pracinha pra “comunidade”, polícia pacificadora, computador nas escolas, aprovação automática... Ué, não entendeu a parte das escolas? Então, aqui o aluno da escola pública muda de série sem precisar estudar. Eles não precisam frequentar regularmente a escola nem mesmo ter notas acima da média, de qualquer forma eles vão passar. Não fique assustado! Esse é um bom método. Assim as crianças, em uma enorme quantidade, crescem sem estrutura familiar, sem a educação que vem de casa e também daquela que vem do colégio. Isso é bom pro governo, e os motivos são claros. Gente que pensa dá trabalho. Os críticos atormentam o poder, não aceitam qualquer coisa, percebem a corrupção e questionam. Explicar dá trabalho e de trabalho essa gente não gosta nem um pouco. Ganham muito para fazer nada. Exagero! Fazem, sim: aparecem na TV, ficam conhecidos (e odiados), discursam, mentem. Pensando bem... É, são muitas as atividades, até porque elas precisam ser elaboradas. São vários planos e para elaborá-los levam-se dias, anos, décadas... É, definitivamente o Rio ganhou um codinome. Prazer, Cidade Desespero.

Bianca Garcia

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Uma realidade inventada

Gente que vive pra mostrar. Era estranha essa que se perpetua. Depois pode ser que as coisas estejam diferentes como tudo que a gente analisa ao longo do tempo, mas essa cultura do parecer está tão enraizada que dificilmente consigo imaginá-la fora daqui. Estranho dizer meus passos... Mas parece que os “arquivos de dispositivos móveis” viraram moda. É o registro de nunca estar triste, do amor pela diversão diária, pelas festas, bebidas, cigarros, muita gente. Registro de alegria como sinal de que a vida é uma uma alegria eterna. Ou "uma alegria tumultuosa anuncia uma felicidade medíocre e breve" como definiu Plutarco? Não sei bem dessa “naturalidade” das pessoas que vivem para dizer (na rede) o que vive, ao invés de viver propriamente. Que agonia viver numa realidade, assim, inventada.

Bianca Garcia

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Serial killer

São várias empresas em um só grupo. Um só grupo com vários funcionários. Vários funcionários em apenas um. Um em vários funcionários. Funcionários não, colaboradores! Mas os escravonários são contratados. E descontratados em um mesmo instante. São contratos descartáveis. Descartáveis para o grupo. Mas um grupo permanente, que não descarta àquele grupo. Gente sem opção ou gente acomodada. Mas a série de descontratos amedronta essa gente, que tem como companheiro diário o medo deste grupo.


Bianca Garcia

sábado, 14 de janeiro de 2012

Ano começa mais caro para os que dependem de ônibus

Indignados usuários reclamam das más condições dos coletivos

Os cariocas foram surpreendidos nesta primeira segunda-feira do ano com mais um aumento nas passagens de ônibus. A passagem que custava R$ 2,50 sofreu um aumento de vinte e cinco centavos, o que significa um reajuste de 10% para os ônibus do município doRio. Já para os coletivos intermunicipais, o reajuste foi de 6,64%. Dessa forma, o Bilhete Único Intermunicipal passará de R$ 4,40 para R$ 4,95, no próximo dia 15. Ou seja, a variação é de 12,27% referente ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro de 2009 a novembro de 2011.

Segundo a Assessoria de Comunicação do Departamento de Transportes Rodoviários, Detro-RJ, “as novas tarifas resultam das regras previstas na Portaria Detro / 975, que define novembro como data-base para a revisão tarifária, a adoção de índice oficial para cálculo do reajuste e a antecedência no aviso à população”. Na realidade, o reajuste foi publicado em dezembro do ano passado no Diário Oficial, mas a insatisfação é tanta que vinte dias não foi o bastante para aceitar mais essas alterações. 


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É um absurdo que um serviço essencial para a população sofra essas mudanças radicais sem a menor consideração daquele que deveria zelar por ela, ou representá-la. Nosso prefeito, que deveria representar a população quando se trata de interesses maiores, como transporte básico, não se manifesta da maneira que deveria, demonstrando um possível favorecimento do mesmo com estes aumentos repentinos e absurdos. A consequência é a população aceitar este reajuste, que não será acompanhado de um aumento salarial”, afirma a estudante de Direito, Soraya Gomides.

Além do aumento da passagem nos ônibus normais, os que fazem integração, os com ar condicionado e os frescões também tiveram seus preços alterados. Os valores dos ônibus com ar e os frescões variam de R$ 2,85 a R$ 11,00 e a integração de R$ 4,10 a R$ 6,00. Os cariocas não reclamam apenas dos aumentos constantes das passagens de ônibus, mas também problemas como a má conservação dos veículos, os atrasos rotineiros e as péssimas condições de vias e estradas. A nova tarifa, que entrou em vigor nesta segunda-feira, deixou muitos cariocas indignados: “isso é um abuso, os ônibus estão cada vez piores e as passagens só aumentam”, destaca Taiane Bastos, estudante de Turismo. 

Ainda, segundo a Assessoria de Comunicação do Departamento de Transportes Rodoviários, “o Detro publicou os novos valores da tarifa com 21 dias de antecedência para que o usuário tenha um maior tempo de se organizar, um prazo ainda maior do que o previsto na Portaria 975, que estabelece um mínimo de 10 dias para que a população seja informada sobre os valores resultantes do reajuste anual das tarifas intermunicipais, que acontece sempre em janeiro. Esta é uma vitória para os usuários do transporte público, que antes estavam expostos à ocorrência de vários reajustes dentro de um mesmo período, sem um critério claro e maiores explicações. A partir desta medida do Detro, que atende a uma determinação do MP, a revisão só acontece uma vez ao ano e dentro do determinado pelos índices oficiais de preço”.

Pedágio da Linha Amarela também sofre alteração


Na segunda-feira, dia 02, os motoristas que utilizaram a Linha Amarela, via que liga a Zona Oeste à Ilha do Fundão, também se surpreenderam. O preço do pedágio sofreu reajustes e também ficou mais caro.

Segundo a Lamsa, concessionária que administra a via, carros e caminhonetes têm, agora, a tarifa básica à R$ 4,70 – ou seja, um acréscimo de quarenta centavos. Caminhões leves, caminhões tratores e ônibus, que antes pagavam R$ 6,40, começaram a pagar R$ 7,00. Já para os caminhões, tratores e semirreboques o aumento foi de R$ 1,30, já que a passagem passou de R$ 14,20 para R$ 15,50. Outras tarifas podem ser conferidas no site da Lamsa.

Por Bianca Garcia em OEstadoRJ

Observação:
Esta matéria foi publicada no dia 03 de janeiro na Editoria Estado.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Um dia de chuva

Enquanto eu percorria àqueles quilômetros de bicicleta, só pensava em você. Era muita chuva e meu corpo já estava ensopado. Muito vento no rosto e um frio congelante. Me lembrei de quando você me vestia com aquele moletom cinza nos dias típicos dessa chuva - de quando o sol se esconde de repente. A chuva significava, então, nada de rua. Cessavam as brincadeiras fora do chalé e os bolinhos de chuva marcavam nossos dias.
Não tinha uma parte do meu corpo seca, e se você visse isso estaria horrorizada, me daria logo uma toalha bem seca e me mandaria para um banho quentinho. Depois, aposto que eu teria meus bolinhos de chuva, meu moletom e uma coberta daquelas. Colo e carinho na cabeça você me daria. Assim eram minhas férias, com sol ou com chuva, mas sempre com você. Sem me importar com quanto tempo já passou, você volta nos meus dias como um pensamento fixo... E são sempre boas lembranças.
Era esse um amor protetor, um amor bom e puro.
Bianca Garcia