A efemeridade da vida me assusta.
Um dia somos tudo, no outro nada. E essas dimensões acontecem a todo instante
em minha vida. Sou de pólos, sou extrema. Quero agora. Quero tempo. Mas e
quando ele acaba? Nada fiz. Nada tenho aqui. Temos tempo certo e
conscientemente vivemos esse tempo limite, que uma hora vai acabar. A gente
sabe, a gente sempre sabe, mas cadê que sabemos de fato? Que confusão estar
aqui, que coisa estranha é poder pensar. Estamos sempre pensando e tentando
explorar. Nunca nos satisfazemos. Nunca estamos inteiros. Que egoísmo humano,
céus. Sei lá essas voltas que a vida dá. Muitas teorias, muitas frases bonitas,
muito blábláblá de tudo bem, de maravilha. A vida não é fácil, e nem é bom que
seja. Nunca gostei da facilidade, o árduo sempre me encheu os olhos. Mas até
quando? Até quando eu suporto, até quando as lágrimas não escorrem pelo meu
rosto me permitindo ser forte? Até quando eu não preciso de colo e das histórias
bonitas? Até quando quero uma realidade dura, bem dura pra mim? Pra sempre. Mas
é pra sempre o tempo que eu suportaria? As pessoas são só pessoas, nada além.
Nada. Somos só alguém que temos consciência da morte. Somos diferentes nisso.
Temos consciência. Por horas, penso ser mais fácil a vida de um animal comum,
não essa complexidade do homem. Os animais (nos retirando desse meio) não se indignam
com a política, não pensam no dia seguinte, não deixa de dormir porque seus
pensamentos não se aquietam. Não se decepcionam, não questionam os fatos nem
mesmo por que existem... Os animais simplesmente vivem. E os homens, esses
animais que foram caracterizados de mais evoluídos, talvez, vivam. Mas
parcialmente, apenas. Não nos envolvemos por inteiro. Temos medo. Medo do
outro, medo do agora, medo de arriscar, medo do que não podemos ver, tocar. Medo do difícil... Medo da tristeza! Mas a vida não é esse pote de ouro que se resume em felicidade tão facilmente assim. Além do mais tem tantas coisas que nos desgovernam. Somos frágeis, assim como quando a saudade. Não tem remédio, não tem consolo. A saudade tem nome. E é nome de gente.
Bianca Garcia