quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Há tanto tipo de leitor...

No jornalismo há espaço para tudo e (para quase) todos.

Há quem só se interesse por moda. Tem gente que não sabe nem quem foi o presidente no ano de 1998 do próprio país, mas sabe qual foi a cor do verão passado. Diga-me como isso pode acontecer?
E aqueles que vão direto para a seção de entretenimento. As nights, baladas, noitadas – como você preferir, do final de semana (e também da semana). Juro, têm gente que vive de festa. Mas pula-se a idinha ao teatro e a um bom cinema.
Ah, existe também o ‘nobre’ leitor, aquele que só fecha o jornal quando o lê de cabo a rabo. Alguns possuem um pequeno Transtorno Obsessivo Compulsivo de não deixar as coisas incompletas e, por isso, lêem até o que não os interessam, como Classificados.
Há quem lê o resumo das novelas e ponto.
Não podemos esquecer-nos dos fanáticos por esporte. Esse caderno é rapidamente consumido por esses apaixonados.
Há os amantes de livros, somente. E há quem, definitivamente, não lê.
Então, há quem escreve sobre moda, cultura e lazer, quem escreve sobre política, esporte, economia, fofoca. Há leituras para todos os gostos, mas algumas desinteressam a uma massa que quer continuar na Indústria Cultural de Theodor Adorno. Afinal, é mais confortável conversar sobre o eliminado da semana de um Reality Show do que sair da zona de conforto e conversar sobre a sociedade contemporânea, seus problemas e seus futuros conflitos, não?

Bianca Garcia

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O mundo está ao contrário e ninguém reparou*

É praticamente impossível ficar calada diante desse lamentável cenário em que se encontram algumas regiões do nosso querido Rio de Janeiro.
            Como ficar calada se essas imagens são postas a venda todo ano? Se não pelo Rio, por São Paulo. É claro que as mudanças climáticas de fato estão acontecendo, mas tudo o que vemos não é somente fruto delas.  Em 2010, os desabamentos em Angra dos Reis e, depois, as ruas do Rio alagadas com a enorme chuva de Abril incluindo a tragédia no Morro do Bumba, em Niterói. O ano já foi alterado e as notícias se repetem, elas ficam em alta durante um tempo e depois são postas na caixinha do esquecimento. E essa caixinha já não cabe muita coisa mais, visto que é utilizada para todos os problemas que nos aparecerem.
            A pergunta que não me sai da cabeça é: todas essas mortes e o sofrimento alheio não seriam o bastante para pôr fim aos paliativos? E, então, providenciar a verdadeira fiscalização de ocupações irregulares?
            As tragédias contadas por algumas famílias e vídeos que tenho a nítida sensação de serem de terror são, também, venda, audiência. Dinheiro. Não sei o que pretendem ao pôr em prática o que aprenderam em matemática, sinceramente.
            Contudo, ainda há quem ganhe com a desgraça do outro. São roubos de todas as formas. No comércio local, nos preços da água e da comida. E, desde o início, roubos de vida.
            Com tanta promessa, mais uma vez eu espero que elas sejam cumpridas, mas espero também que não seja só uma esperança, que realmente se concretizem e ponham fim a essas tantas lágrimas nos telejornais.

 Bianca Garcia

* Nando Reis

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Ciência do governo

A política, no Brasil, tornou-se uma mercadoria posta em negociação e sua importância aparece de quatro em quatro anos. Os eleitores não mais se interessam por ela, e a perda de credibilidade aumenta em cada período eleitoral. Ou seria após o político assumir o cargo? Uma verdadeira consequência e, como de costume por aqui, tudo se transforma em uma bola de neve. Os candidatos, sejam eles à presidência ou ao senado, de uma forma geral, transformam seus discursos em algo inalcançável.
Por outro lado, a obrigatoriedade do voto faz com que permaneçamos num quadro político lamentável, uma vez que os indivíduos descrentes ou mesmo alienados – aqueles que assumem que só votam porque não têm outra opção - se corrompem vendendo seu voto. Essa venda, aparentemente, é lucrativa para eles, porém, jamais cobrirá seu direito de cidadão. Esse que se baseia, na íntegra, em sua luta por um país melhor, a cobrança da melhoria da saúde pública e da educação. O combate à saída nos piores índices do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
Quando as eleições se aproximam é notório o mero consumo da política. O assunto se espalha nas ruas da cidade e não sai da boca do povo, algo como debates nas cadeiras das escolas e das universidades, nas rodas dos amigos no pátio e até numa mesinha de bar. Mas, cotidianamente, ela é discutida com tanta frequência? Não. E esse é o fato. As propagandas são maciças e utilizo o termo em seus vários significados, elas são “ocas e cheias de outra matéria”*, e pesadas. Ninguém nega esse peso nas propagandas eleitorais passadas de ambos os partidos à presidência de 2011.
Chegando ao fim da apuração, as discussões cessam em menos de três dias e tudo volta ao normal. E o assunto é, momentaneamente, esquecido. Mas volta na próxima eleição.
No entanto, o voto é a maneira mais eficaz de lutarmos pela vida de nosso país. E sendo assim, não se troca ou se vende. É inegociável. Acredite!

                                                                                                                                     Bianca Garcia

*dicionário priberam da língua portuguesa.