terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Mudanças... De plataforma, de endereço, de blog.

     Desde 2010 o Pensamento em Mundo teve esse cantinho e foi super bem recebido. Foram anos bem proveitosos... Conheci blogueiros incríveis, escrevi textos que agradaram uns e desagradaram outros. Essas coisas normais da vida... Afinal, que graça teria agradar todo mundo? Somos todos tão diferentes que o legal é a soma mesmo. E aí escrevi textos que antes eu achava o máximo e hoje nem gosto tanto deles (triste realidade de quem se mete a escrever haha). Mas, enfim, chegou a hora de mudar. Espero que gostem das mudanças que um amigo super-designer, Roberto Jana, fez no blog. 
    No mais, agradeço cada visita, inclusive dos americanos e dos alemães que nos números sempres estiveram muito presentes (não mais que os brasileiros de diversas partes desse gigante). Enfim, agradeço a cada amizade, a cada leitura e também agradeço por todas as discussões. Mas espero (e quero muito) que tudo continue: as visitas, as amizades, as leituras e as discussões. A despedida é parcial. É apenas daqui, do blogspot, e desse cantinho que tivemos por longas datas. Espero que gostem do novo blog e que ele esteja bem aconchegante para as reflexões de vocês.
   Então é bem fácil. Para encontrar os novos textos é só digitar o nome do blog. Assim ó: www.pensamentoemmundo.com.br

Espero a visita de vocês
 
Bjs,
Bianca Garcia

domingo, 30 de dezembro de 2012

Que em 2013...

Vamos aos velhos pedidos que se perdem ao longo dos anos e se repetem em todos eles...

Desejo que em 2013 tenhamos mais esperança, e mais coragem. Espero que possamos ver mais bondade, mais amor e mais respeito, e possamos praticá-los. Que não sejamos cercados por inveja nem que a maldade esteja ao nosso redor. Que as crianças saiam das ruas, não sejam obrigadas a pedir dinheiro no sinal e que os usuários de drogas se curem. Que àqueles que estão na altura do Parque União, na Avenida Brasil, sejam salvos dessa doença que se chama vício em crack. Que não existam mais mendigos nem reviradores de latas de lixo. Que o Rio de Janeiro se torne melhor para ser visto pelo mundo em 2014 e que nossos governantes olhem para a cidade e não para o dinheiro que vão desviar para seus bolsos. Desejo que o mundo esteja mais iluminado, que nossos sonhos virem realidade e que possamos lutar para concretizá-los. Desejo, aos meus e aos outros, que 2013 traga esperança de um mundo que teve início no último 21 de dezembro. E que seja um mundo melhor, por favor. Desejo que vejamos mais sorrisos que lágrimas, mais belezas que lixos, mais amor que ódio.

Ausência

Queridos,


Como eu tenho falado na fanpage, a ausência aqui no blog tem motivos muito especiais. Talvez eu tenha deixado vocês se sentindo abandonadinhos (mas não é verdade) e eu sei que nada explicaria, mas ou tentar, tá? Em breve vocês terão um outro cantinho. O Pensamento em Mundo está se mudando e com todos os contratempos está demorando um pouquinho mais do que a gente esperava. Era para começarmos 2013 com o pé direito e casa nova. Mas vamos começar com o pé direito e muitos, muitos textos novos para vocês. É algo bem legal que está vindo por aí e assim que tudo estiver pronto, vocês serão os primeiros a saber :)

Grande beijo,


Bianca Garcia

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Ai que saudade dos meus dez anos, que saudade ingrata


Aos dez anos eu ainda me machucava e chorava. Mas fui aprendendo a ficar forte, a cair e levantar sem precisar chorar. A vovó ficava toda preocupada a cada arranhão conquistado, mas eu era uma molequinha, dessas que andam no meio dos meninos, jogam futebol, soltam pipa, apostam corrida, jogam bolinha de gude, brincam com mamonas e descem o morro, na chuva, sentada num papelão. Nessa época não tinha maquiagem para as meninas e mesmo se tivesse acho que não venceria os piques na rua. Era pique-pega, pique-esconde, pique-bandeira, pique-parede, pique de pique e polícia e ladrão. 

Aos dez anos os problemas se resumiam a contabilidade dos dias. Nessa época calcular quantos dias para as férias era o maior problema. O segundo maior era escrever uma redação sobre elas. Eu me perguntava por que faltava criatividade aos professores e me perguntava como tanta coisa para contar poderia caber naquelas linhas. Grandes problemas, não? 

Aos dez anos a fortuna que papai dava já tinha um destino. Os dez reais, que hoje não compram mais nada, eram para as bolinhas de tênis, àquelas amarelinhas que eram desperdiçadas a cada partida de taco. As bolinhas sumiam e às vezes a gente dava a sorte de encontrar quando andava no mato. Em frente ao chalé tinha um senhorzinho com um terreno cercado. Gente boa toda vida, o Seu Maninho tinha até uma vira-lata que se chamava Bolinha. Virava e mexia Bolinha tinha uns filhotes espalhados pela rua e a criançada, eu nesse meio, não dava paz para os bichinhos. Tá, mas o Seu Maninho sempre se enfiava no meio da sua hortinha para pegar nossas bolas esverdeadas, que na altura desse campeonato já estava completamente esgaçada. Não aguentava mais de duas partidas, claro que se não sumissem antes.

Aos dez anos a gente cai muitas vezes de bibicleta, patins e todas essas artimanhas que inventam para a gente. E em um desses tombos dos dez anos estava eu, novamente, e dessa vez foi um tombo daqueles. Coitada da vovó, que nesse dia não se preocupara a toa com os arranhões conquistados. Dessa vez ela teve razão para a preocupação, que não a deixava em paz quando se tratava de mim. Cai! Era machucado para tudo quanto era lado. Uma pedra entrou em um joelho, o outro com o osso à mostra, cotovelo furado e barriga marcada. Já era! Que susto! Mas esse não foi o último tombo, talvez o último de uma fase e o primeiro de uma nova. A partir daí aprendi a não chorar com machucados e a me levantar sem precisar de ninguém. E o tombo foi feio: cai de uma ladeira que era toda de terra e pedras. Já pode imaginar quanta poeira não levantou, né? Era uma névoa a minha volta e quando as pessoas chegaram eu já estava de pé. Todos se espantaram com a força. Mas até hoje consigo enganar quando sinto dores - na maioria das vezes pretendo quando elas são sobre algo que ninguém pode confirmar. No final das contas ficou tudo bem. O tombo só me fez visitar o médico duas vezes por semana e ficar de olho no joelho. Corri risco de uma cirurgia aos 10 anos. Mas passou e só precisei ficar com a perna engessada durante um mês nas férias de verão. Ah, e àquele gesso que pesava mais que minhas duas pernas juntas só me fez ficar embaixo de uma árvore esperando os amigos voltarem do clube e toparem uma brincadeira chata que exigisse imobilidade. Enquanto que calcular as férias eram os maiores problemas, ficar imóvel aos dez anos era o maior castigo. 

Aos dez anos a gente não tem quase nada. E tem muita coisa. Aos dez anos eu ainda tinha muitas coisas preciosas. Eu ainda tinha a minha vó. Àqueles olhos azuis, àquela pele clarinha e àquela doçura era certamente a mais preciosa delas. Aos dez anos a gente nem sabe o que é saudade, mas logo aprende quando perde essas "coisas". 

Ai que saudade dos meus dez anos, que saudade ingrata...

sábado, 6 de outubro de 2012

Vamos de eleição?

Votos nulo ou branco?

Eleição acontece domingo, 07, mas diferença entre os votos ainda não é clara

Bianca Garcia e Bernardo Lacombe

Próximos de mais uma eleição, a polêmica da nulidade dos votos foi levantada nas mídias sociais. O fato de que uma possível nova eleição pode acontecer caso o número de votos nulos supere cinquenta por cento circulou rapidamente entre os internautas, mas muitos eleitores desconhecem o assunto. Alguns, inclusive, têm dificuldade em distinguir voto nulo e branco.

Além da matéria ser pouco explorada, a explicação no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não facilita a compreensão dos cidadãos. De acordo com a definição que está no site do Tribunal, “votos nulos são como se não existissem: não são válidos para fim algum. Nem mesmo para determinar o quociente eleitoral da circunscrição ou, nas votações no Congresso, para se verificar a presença na Casa ou comissão do quorum requerido para validar as decisões”, esclarece o TSE.

Para os votos em branco, o Tribunal explica que são “registrados apenas para fins de estatística e não é computado como voto válido, ou seja, não vai para nenhum candidato, partido político ou coligação”. “É considerado voto em branco aquele em que o eleitor manifesta sua vontade de não votar em nenhum candidato ou partido político, apertando a tecla branco da urna”, diz o TSE.


A diferença, porém, não fica clara para a eleitora Cleuza Hipólito, que mora na região metropolitana do Rio de Janeiro. “Eu acho que é a mesma coisa. Para mim, votar nulo ou em branco dá no mesmo”, diz a empregada doméstica, de 59 anos. Ela disse ainda que caso não concorde com os candidatos, vota em quem está perdendo. “Porque se o outro já está ganhando e ele perdendo, ele não ganha mesmo”, contou Cleuza explicando sua lógica.
Apesar das classes sociais menos favorecidas serem consideradas uma parcela da sociedade com menos embasamento político, quando o assunto é voto nulo, muitos trabalhadores se expressam de maneira indignada. É o caso de José Marcelo, nordestino radicado no Rio de Janeiro há mais de 20 anos, que trabalha como porteiro em Copacabana.

“Voto pelo meu País, pelo meu município. Como vou cobrar, se eu não votar?”, diz o porteiro. Mas o desabafo continua ao criticar conterrâneos com quem convive. “Tem gente que veio do norte há mais de 15 anos e até hoje não transferiu o título. Acho um absurdo. Esse vai ter que aturar qualquer roubalheira”, concluiu José Marcelo.

Embora alguns cidadãos não saibam a diferença entre esses votos, outros propagam a polêmica de anulação da eleição caso haja mais de 50% dos votos nulos. Mas há controvérsias. Há quem diga que tudo não passa de uma má interpretação do Código Eleitoral, outros questionam o direito de protestar contra os candidatos daquela eleição.

Para o professor doutor em História, Oswaldo Munteal, este suposto protesto com os votos nulos é um ato de despolitização. “Acho uma alternativa malévola, que ressalta um déficit na consciência política do brasileiro. É um risco para a democracia e o Brasil precisa ter mais experiência democrática”, afirma Munteal. “Quem vota nulo está na mesma situação de quem não comparece”, completou.

Mais de 50% de votos nulos anula a eleição?

A suposta interpretação equivocada é em relação ao artigo 224 do Código Eleitoral da Constituição Federal, que trata a questão da nulidade dos votos. "Se a nulidade atingir a mais da metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias", diz o artigo.

Em uma entrevista no programa Roda Viva em agosto de 2006, o ex-presidente do TSE, Marco Aurélio Mello, disse, quando ainda estava no cargo de presidente, que há a possibilidade de anulação da eleição se mais da metade dos votos forem nulo e branco. “Nós temos uma regra que advém da Constituição Federal, que diz respeito às eleições majoritárias para os cargos de governador e presidente da República. Aí o eleito precisa alcançar 50% dos votos válidos. À parte desta regra existe uma outra, que é linear, que também repercute nas eleições proporcionais. Se os votos nulos e brancos alcançarem mais de 50%, nós temos a insubsistência do pleito”, afirmou o ex-presidente, que completou não acreditar que isso possa acontecer.

No mês seguinte, o ministro disse que o artigo é interpretado incorretamente. "A Carta manda que o eleito para presidente tenha pelo menos 50% mais um dos votos válidos. Estão excluídos desse cálculo os brancos e os nulos. Mas se, por hipótese, 60% dos votos forem brancos ou nulos, o que não acredito que vá acontecer, os 40% de votos dados aos candidatos serão os válidos. Basta a um dos candidatos obter 20% mais um desses votos para estar eleito", afirmou Marco Aurélio, em setembro de 2006, em uma entrevista para a Folha de São Paulo.

Para a Folha, o ex-presidente do TSE disse que o termo “nulidade” é um dos responsáveis pelo mau entendimento do artigo 224, e que na verdade a anulação da eleição seria decorrente de fraude, como urnas extraviadas, ausência de um juiz eleitoral e, falsificação do título de eleitor, por exemplo.

Propagandas eleitorais


Uma universitária, que não quis se identificar, disse sobre a importância do voto e ressaltou a falta de interesse do público ao assistir às propagandas eleitorais."O horário político na televisão está cada vez mais massivo com a guerra entre os candidatos. A propaganda perdeu o foco e temos circo ao invés da apresentação de projetos", diz B. A, 21 anos, que está no último ano do curso de Administração da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

Ao opinar que o voto deveria ser facultativo, a universitária diz que, apesar de ser obrigatório, os cidadãos não podem perder a oportunidade de escolher seus representantes. "Não voto nulo ou em branco nem pensar, são poucas as decisões que o povo toma quando se trata do Estado", completa a estudante afirmando que, além de buscar candidatos que se aproximem dos seus princípios, analisa o currículo dos candidatos.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Um sábio senhor

Cá estava eu sofrendo com mais finais de breves encontros. Sofro quando penso que jamais poderei ver àquele lindo senhor, ou àquela menina que sorriu para mim no último minuto de uma viagem coletiva, o pequeno dos olhos verdes com aparência fraca, a mulher do sol e do tiroos gringos deslumbrados com a beleza do Rio ou este sábio senhor. De repente tenho certeza que nada acontece por acaso de fato. Vez ou outra fico em dúvida, mas no final das contas tenho certeza de que as coincidências não existem.

Enquanto eu lia um livro e grifava as partes que deveriam ser lembradas para sempre, o senhor que estava ao meu lado ficara olhando. Intercalara o olhar, ora para frente ora para o livro. O olhei. E ele não hesitou em perguntar se estas eram as partes que eu tinha que estudar. Respondi que não, eram apenas as partes que eu considerava mais importante. Era um senhor humilde que voltava para casa depois de uma longa rotina de trabalho - rotina esta que ao meu ver nem poderia praticá-la mais. Era um senhor, destes com quem a gente aprende sobre a vida em um aula especial de pouco menos de uma hora.

De repente o senhor começou a dizer lindas coisas. Talvez óbvias, mas às vezes só enxergamos algo quando alguém nos dizem... O sábio senhor começou a dizer sobre tempo e sorte. Disse-me que são para todos. Começara a dizer, então, sobre as lutas que a gente enfrenta durante a vida. Disse, com toda convicção, que a gente só não consegue as coisas que pretendemos por falta de luta. E, sem terminar por aí, o senhor disse que esta luta acontece também no amor. Disse-me que até no amor há luta e me garantiu que é preciso lutar para que ele não se vá. Indagando-o em meus pensamentos, perguntei por que não era o outro lado do amor quem ouvira suas palavras. 

O sábio senhor disse-me ainda que a felicidade também está para todos. Explicou, porém, que a felicidade só fica se a gente quiser e lembrou que tem gente que não quer, embora diga o contrário. Disse que nem a pessoa sabe que ela mesma afasta a felicidade. Assim ele contou que acontece também com o amor. Mas, sem se esquecer nem um minuto da beleza deste sentimento, ele disse que só o amor consegue nos deixar sorrindo, sem que nada nos aborreça. Disse que o amor é sublime, mas frisou que para tê-lo é necessário lutar.

Após mostrar-me sua sabedoria e chegarmos ao fim deste repentino encontro, o sábio senhor disse, sorrindo, sobre as pessoas que se fecham para o mundo e que não estão disponíveis nem para uma conversa. Agradeceu-me, mas mal sabe ele que eu quem o agradeceria para sempre. Desejou-me tudo de bom e muitas coisas lindas. Fiz o mesmo e me despedi, mais uma vez, destes breves encontros. 
E transitando de um lado para o outro neste caos urbano ainda consigo encontrar anjos ao invés de pessoas...

sábado, 1 de setembro de 2012

Zumbis da claridade


Desceram. E logo os percebi. De blusas sujas e esgaçadas, bermudas e chinelo, eles circulam pela cidade. Sempre à luz do dia eles descem para um árduo trabalho. Os zumbis da claridade não têm qualquer brilho nos olhos. Eles não se interessam pela vida, nem têm medo de perdê-la. Seus rostos não mostram qualquer medo da morte. Seus rostos são, na verdade, a morte em si. 

Com uma garrafa de água na mão, onde o líquido é inalado ao invés de ingerido, os zumbis circulam pela cidade. As mesmas mãos que seguram a garrafa, seguram cordões que estão em nossos pescoços. Sem vergonha da idade e dos olhos que os observam, eles atacam os transeuntes. Perplexos com a agilidade, os habitantes se surpreendem e discutem a capacidade humana.

Parece que os zumbis da claridade têm uma cota para entregar ao zumbi máximo e, assim, de repente eles somem das ruas agitadas. Eles se perdem em meio a movimentação urbana e são rápidos como a cidade por essa hora. Eles têm pressa, são rápidos, discretos e famintos por coisas que possam ser trocadas por outras. Por comidas que não são ingeridas, mas por outras que os alimentam sendo inaladas.

Os olhos sem brilhos dos zumbis da claridade não enxergam as estátuas da cidade maravilhosa. Os zumbis da claridade não vêem nada além da gente que tem alguma coisa para apressar seus trabalhos. Os zumbis do Rio de Janeiro se espalham pelas ruas movimentadas e pelas pessoas apressadas. Os zumbis da claridade somem em meio às pessoas, vítimas de um andar apressado e assustado.

Bianca Garcia